sábado, dezembro 19, 2009

quarta-feira, novembro 11, 2009

floral













Floreando o poema, disperso a névoa.
Extraio de pétalas, verso e delicadeza.
Procuro ensaios, que se não tão bons, perdoa,
Para rimar contigo, olorosa flor de framboesa.

À floreira da alma me ponho à rega,
Admirando a brancura daquela,
que hoje, flor ofegante em delicioso afã,
noutro tempo será perfeita: rubra e tenra maçã.

Lilás, tão sóbrio te vejo de dentro de um orvalho,
que tua cor, por certo, refratará,
Traz-me gratidão neste incomum ensejo
O alvitre da paixão, por tão divina flor de maracujá.

uhuuuuuu!!!!! hoje foi!!!!!

quarta-feira, outubro 14, 2009

no words

se eu fosse postar tudo que ja comecei a escrever, daria um livro.
sorry, num consigo.

segunda-feira, setembro 28, 2009

maravilhosa graça



Canção De Um Devedor

(Ezequiel Santos)

Pobre de mim devia e não tinha como pagar
Julgado e condenado fui sem ter como apelar,
A dura lei dizia assim, que minha vida chegara ao fim...
Alguém olhou do céu e viu minha situação
Se comoveu e decidiu, mudar minha condição
A boa graça dizia assim, meu filho entrego a morrer por ti...

Graça sem igual, sei que não era merecedor
Pois sem perguntar, sem se importar se eu diria sim,
Ainda sim pagou, o que eu devia.

Por mais que eu faça, não terei como pagar
Por mais que agradeça, ainda faltará...
Darei minha vida, num sacrifício de louvor
E minha canção será,
Canção de um devedor!

Cada canção será...
Canção de um devedor!


conheci esses caras neste final de semana.
muito bom!!!!

sexta-feira, setembro 11, 2009

paisagem da Janela



Lô Borges e Fernando Brant

Da janela lateral
Do quarto de dormir
Vejo uma igreja, um sinal de glória
Vejo um muro branco e um vôo pássaro
Vejo uma grade, um velho sinal
Mensageiro natural
De coisas naturais
Quando eu falava dessas cores mórbidas
Quando eu falava desses homens sórdidos
Quando eu falava desse temporal
Você não escutou

Você não quer acreditar
Mas isso é tão normal
Você não quer acreditar
E eu apenas era

Cavaleiro marginal
Lavado em ribeirão
Cavaleiro negro que viveu mistérios
Cavaleiro e senhor de casa e árvore
Sem querer descanso nem dominical

Cavaleiro marginal
Banhado em ribeirão
Conheci as torres e os cemitérios
Conheci os homens e os seus velórios
Quando olhava na janela lateral
Do quarto de dormir

Você não quer acreditar
Mas isso é tão normal
Você não quer acreditar
Mas isso é tão normal
Um cavaleiro marginal
Banhado em ribeirão
Você não quer acreditar

quarta-feira, setembro 09, 2009

perdição

"As cidades,
de fato me desorientam".
Não sei se volto.
A lua
desnuda perante a noite
Retrata os muitos ares de que me lembro.
A grade
que hoje me prende
já foi janela de liberdade.
A poesia
que agora controlo
já foi criação livre e solta.
O corpo,
ora agitado,
já foi inércia, vontade própria.


dezembro/93

sábado, agosto 29, 2009

Janires, amigo poeta


Foi Por Você

(Janires)

Foi por você que gosta de futebol ou de rock n' roll
Ou de ficar batendo papo com a "tchurma" lá na esquina
Foi por você menina, que fica sonhando, esperando
O seu Dom Quixote voltar das cruzadas contra os moinhos
Te pôr na garupa da motocicleta e voar

Foi por você que transa tudo ao natural
Que gosta de ficar sentado na beira da fogueira
Tocando e cantando, velhas canções de paz
Foi por você intelectual
Que vive discutindo as emendas constitucionais
Nas assembléias dos botecos
Foi por você rapaz, que mora na beira do cais
Esperando o marinheiro Popeye voltar
Trazendo o navio do Peter Pan

Foi por você que come de marmita, que pega trem lotado
Foi por você que está desempregado, que está desesperado
Foi por você que o rei, que o rei Jesus nasceu
Que o rei Jesus morreu,
Que o rei Jesus ressuscitou

Jesus é o nosso Senhor

sábado, agosto 22, 2009

vote

mulheres escrevem

mulheres cozinham,
misturam aromas, sabores e texturas.
mulheres bordam,
entrelaçam fios,cores e tato.

mulheres geram vida,
embalam choros, sorrisos e alma.
mulheres ensinam a viver,
direcionam caminhos, pensamentos e sonhos.

mulheres sentem
(e têm sexto sentido)
mulheres pensam
mulheres escrevem.

sábado, agosto 15, 2009

verde



Eduardo Gudin/Costa Netto

Quem pergunta por mim
Já deve saber
Do riso no fim
De tanto sofrer
Que eu não desisti
Das minhas bandeiras
Caminho, trincheiras, da noite

Eu, que sempre apostei
Na minha paixão
Guardei um país no meu coração
Um foco de luz, seduz a razão
De repente a visão da esperança
Quis esse sonhador
Aprendiz de tanto suor
Ser feliz num gesto de amor
Meu país acendeu a cor


Verde, as matas no olhar, ver de perto
Ver de novo um lugar, ver adiante
Sede de navegar, verdejantes tempos
Mudança dos ventos no meu coração
Verdejantes tempos
Mudança dos ventos no meu coração

sexta-feira, agosto 14, 2009

Sol de Bagdá


(Jorge Camargo)


O velho sol amigo e bom
Que brilha aqui, que nasce lá
No horizonte de Washington
É o mesmo sol de Bagdá

A lua de Jerusalém
É bela como uma boneca
De porcelana e de cetim
Cruzando alegre o céu de Meca

A chuva que alimenta o chão
Renovadora melodia
É chuva sobre o Paquistão
É chuva que cai sobre a Índia

O vento que vem e não fica
Que mísseis nunca abaterão
É vento livre em terras de África
Onde o inimigo é o próprio irmão

Isto sem falar na Coréia, no Japão,
Na Argentina, na Inglaterra,
Na Bósnia, no Azerbaijão,
Na Geórgia, no Timor,
Na Colômbia, na Venezuela,
No Afeganistão…

O mesmo sol, a mesma lua,
A mesma chuva, o mesmo vento
E não vestimos mesma luva e o mesmo sentimento

O mesmo sol, a mesma lua,
A mesma chuva, o mesmo vento
Por que não termos mesma voz e o mesmo pensamento?

quarta-feira, agosto 12, 2009

check list


eu queria ter:

a aparência da Gisele Bundchen,
a inteligencia da Clarice Lispector,
as poesias da Adelia Prado,
a voz da Roberta Sá ou da Cintia Scola,
(se fosse homem, a do Carlos Sider),
a performance da Fernanda Takai,
o gosto musical da Marisa Monte,
as melodias do Fabinho Silva ou do Ivan Lins,
as letras do Jorge Camargo,
a simpatia do Gerson Borges,
o tocar violão do João Alexandre,
o carisma do Robin Willians,
o desprendimento do Roberto Diamanso,
a brasilidade do Carlinhos Veiga,
a autenticidade da Vanessa da Mata,
a bossa da Leila Pinheiro


continua (....)

segunda-feira, agosto 10, 2009

retintura


aos que, "com sutileza", argumentam
acerca da essência da matéria,
da pureza da espécie,
só resta concluir tratar-se
absoluta inutileza.

sois carne rubra,
caldo de barro,
tingidura do Divino,
imagem e semelhança,
sopro, vida e pintura.

pó de tinta que pintar pode,
mas que a qualquer hora morre
e volta ao pó da terra,
e já não pode,
pois podado foi.

cor de alma,
cor de pele,
tom de coração,
palete de vida,
retinta na Redenção.

(07.08.09)

sábado, agosto 08, 2009

canção quase inquieta

(Cecília Meireles, Flor de Poemas)

De um Lado, a eterna estrela
e do outro a vaga incerta,

meu pé dançando pela
extremidade da espuma,
e meu cabelo por uma
planície de luz deserta.

Sempre assim:
de um lado, estandartes do vento …
- do outro, sepulcros fechados.
E eu me partindo, dentro de mim,
para estar ao mesmo momento
de ambos os lados.

Se existe a tua Figura,
se és o Sentido do Mundo,
deixo-me, fujo por ti,
nunca mais quero ser minha!

(Mas, neste espelho, no fundo
desta fria luz marinha
como dois baços peixes,
nadam meus olhos à minha procura …
Ando contigo — e sozinha.
Vivo longe — e acham-me aqui…)

Fazedor da minha vida,
não me deixes!
Entende a minha canção!
Tem pena do meu murmúrio,
reúne-me em tua mão!

Que eu sou gota de mercúrio
dividida,
desmanchado pelo chão …

sexta-feira, agosto 07, 2009

Adélia Prado retoma o diálogo com Deus em dois livros


(in O Estado de São Paulo, 22.05.1999)



Depois de cinco anos sem publicar, a poeta mineira lança `Oráculos de Maio', uma coletânea de poemas, e `Manuscritos de Felipa', um texto curto, que ela define como uma experiência literária e religiosa



Depois de O Homem da Mão Seca, de 1994, a poeta mineira Adélia Prado ficou cinco anos sem publicar. Volta agora com dois livros simultâneos: Oráculos de Maio (Siciliano, 139 págs.), coletânea de poemas, e Manuscritos de Felipa (Siciliano, 161 págs.), uma prosa curta. Antes de escrevê-los, Adélia atravessou um difícil período de vazio. Convidada, por fim, para assinar crônicas semanais no Correio Braziliense, sem planejar, acabou retornando aos livros. Nas últimas 20 semanas de sua vida de cronista, Adélia passou a publicar em sua coluna aqueles que viriam a ser os 20 primeiros capítulos do Manuscrito de Felipa.

Os dois novos livros assemelham-se porque, mais uma vez, Adélia escreve para dialogar com Deus. O leitor entra só como testemunha e até um pouco como invasor. Mas, apesar dos fortes laços que tem com a religião, Adélia considera-se uma poeta e não uma profeta. "Meu projeto sempre foi escrever", ela diz. Lançados os dois livros, continua a trabalhar numa longa série de poemas, ainda sem destino fixado. Adélia não se tem furtado a dar palestras não só para grupos de católicos, mas também para leigos das mais diversas especialidades, entre eles muitos psicanalistas. Não a afeta que parte da crítica e também da comunidade dos poetas, fiéis a um velho preconceito, ainda a considerem mais uma catequista do que uma escritora. Está serena, segue seu caminho sem olhar para os lados. Foi nesse estado de ânimo que, por telefone, conversou com o Caderno 2.

Estado - Você ficou um longo tempo sem escrever. O que ocorreu?

Adélia - Foi um período de desolação. São estados psíquicos que acontecem, trazendo o bloqueio, a aridez, o deserto. Até que recebi um convite do Correio Brasiliense para escrever crônicas. Um belo dia, escrevendo uma crônica, eu comecei: "Antes fosse tudo culpa de má arbitragem e estresse muscular..." Não era uma crônica, era o começo dos Manuscritos de Felipa, mas comecei a publicar os capítulos do livro nos jornais como se fossem crônicas. Cheguei a publicar uns 20 capítulos. De modo paralelo, comecei a escrever os Oráculos de Maio, então os dois livros saíram juntos.

Estado - Tanto os poemas como os manuscritos são, a rigor, longos diálogos com Deus. De que modo você separa experiência literária de experiência religiosa?

Adélia - Não separo, para mim elas são a mesma coisa. Muitos poetas, aqueles que se dizem ateus, apesar da grande poesia que fazem, não ligam uma coisa à outra. Mas a poesia é um fenômeno de natureza religiosa, pois tem um papel fundador, que me conecta ao centro do ser. Deus é o grande problema e a grande platéia, tanto que eu engano os críticos. Mas não engano Deus.

Estado - Não existe o risco de você ser lida como profeta e não como escritora?

Adélia - Eu entendo a poesia como um oráculo, a fala de uma divindade. Como posso dissociar as duas coisas? Mas sei que, porque não dissocio, corro o risco de ser vista como uma catequista e não uma poeta. Estou fazendo uma poesia na qual o religioso é forte? Estou. Mas é poesia? É poesia. Eu sou catequista, sim, mas em outras horas.

Estado - Intelectuais não a discriminam por isso?

Adélia - Sim, isso está claro em muitos comentários, mas o que hei de fazer? O que teria a dizer a essas pessoas? Que só sei costurar assim. Antes de me casar, eu fiz um curso de corte e costura e aprendi que existem muitas variações da saia godê. Num curso de costura, você aprende o básico e o restante é variação.

Estado - Que estilo de catequese você pratica?

Adélia - Não tenho aquilo que se espera de uma catequista católica. Falo a partir de outros lugares, do lugar da poesia e também da psicanálise, que estão muito atreladas à religião. O curioso é que, primeiro, comecei a receber convites para falar em círculos mundanos, agnósticos, só agora começo a ser convidada para falar para movimentos católicos e protestantes.

Estado - E sobre o que você é chamada a falar?

Adélia - Falo em encontros para casais católicos, em retiros espirituais. Também já falei em encontros de psicanalistas, tratando da relação entre fé e mística. Parto da poesia, da psicanálise, não importa, chego sempre à questão da natureza transcendente.

Estado - Você não tem medo de ser vista como um guru?

Adélia - Meu ponto de partida é sempre literário. Corro o risco é dos preconceitos, e o preconceito é um inferno. Há pessoas que não têm audição ao que estou falando, e sem ter audição têm opinião. Não tenho medo de virar guru. Para mim, a poesia tem uma qualidade de oráculo. Mas não sou uma divindade, sei que sou só porta-voz. Agora, se uma pessoa acreditar que o poema pode curar, é a força da palavra que está curando, não sou eu. Se a poesia faz bem, ótimo, a mim também ela faz muito bem.

Estado - E como você reage aos preconceitos?

Adélia - Eu fico só sofrendo. Se eu fosse grande igual ao Rosa, eu o imitaria, colecionando as críticas ruins de cabeça para baixo. É o que se diz a meu respeito: "Apesar do religioso, até aparece alguma poesia". Como se o religioso não fosse matéria de poesia. O registro católico, esse sim, é acidental, resulta de minha cultura, de minha herança familiar. O católico é acidental, mas o religioso é essencial. Podia ser budista, islâmica, judaica, mas seria sempre religiosa.

(...)

terça-feira, agosto 04, 2009

sei lá entende?

de verso em verso,
valso.
de valsa em valsa,
sôo falsa.
de vôo em vôo,
calço.
sapatos mágicos.
viajei agora.

quinta-feira, julho 16, 2009

reconhecimento

de que precisa uma mulher?
flores, mimos, chocolates,
roupas finas, sapatos de salto,
regras de etiqueta, receitas de biscoitos?

uma mulher necessita
de jardins bem cuidados, de vasos de cristal,
cozinhas equipadas, saber tocar piano,
café com raspas de laranja, seu nome num avental?

ela precisa de filhos correndo,
decorando tabuadas e regras sem fim,
crianças fazendo barulho, jogando roupas ao chão,
desarrumando tudo afinal?

talvez um escritório,
titulo de doutora, uma placa dourada,
livros, papéis, mesa arrumada, caneta de prata,
planejamentos e coisa e tal?

uma mulher precisa de
um minuto de silêncio,
para se reconhecer ao espelho
ao final de cada dia...


gostaria que ao ler meus poemas, como esse acima, o mestre Drummond também dissesse para mim algo parecido com:

"Minha querida amiga Cora Coralina: Seu "Vintém de Cobre" é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia ( ...)"

bom se fosse....

ressalva


Versos... não
Poesia... não
um modo diferente de contar velhas histórias


Cora Coralina (Poemas dos Becos de Goiás )

quarta-feira, julho 01, 2009

Canção da Mulher que Escreve

Lya Luft

Não perguntem pelo meu poema:
Nada sei do coração do pássaro
Que a música inflama.

Não queiram entender minhas palavras:
Não me dissequem, não segurem entre vidros
Essas canções, essas asas, essa névoa.
Não queiram me prender como a um inseto
No alfinete da interpretação:
Se não podem amar o meu poema, deixem
Que seja somente um poema.

(Nem eu ouso ergue-lo entre meus dedos e perturbar a sua liberdade).


estou começando a conhecer a face poetica da Lya...

quinta-feira, junho 25, 2009

decifra-me ou te devoro


Lundu do escritor difícil

Mário de Andrade



Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquizila,
Porém essa culpa é fácil
De se acabar duma vez:
É só tirar a cortina
Que entra luz nesta escurez.


Cortina de brim caipora,
Com teia caranguejeira
E enfeite ruim de caipira,
Fale fala brasileira
Que você enxerga bonito
Tanta luz nesta capoeira
Tal-e-qual numa gupiara.


Misturo tudo num saco,
Mas gaúcho maranhense
Que pára no Mato Grosso,
Bate este angu de caroço
Ver sopa de caruru;
A vida é mesmo um buraco,
Bobo é quem não é tatu!


Eu sou um escritor difícil,
Porém culpa de quem é!...
Todo difícil é fácil,
Abasta a gente saber.
Bajé, pixé, chué, ôh "xavié"
De tão fácil virou fóssil,
O difícil é aprender!


Virtude de urubutinga
De enxergar tudo de longe!
Não carece vestir tanga
Pra penetrar meu caçanje!
Você sabe o francês "singe"
Mas não sabe o que é guariba?
— Pois é macaco, seu mano,
Que só sabe o que é da estranja.

quarta-feira, junho 17, 2009

desapego


(Gladir Cabral)

Estender a esteira,
Sacudir a poeira,
Desatar as sandálias dos pés,
Entregar a moeda da mão
E o tesouro do seu coração.
Ir além da porteira
E cruzar a fronteira,
Não voltar mais os olhos pra trás,
Ignorar as estátuas e os sais
E os navios ancorados nos cais.

É preciso recusar,
É preciso esquecer,
É preciso não se apegar,
Porque tudo o que temos
Não é nada que somos,
Vida, vento, tempo, voz e chão.

Possuir as estrelas,
Dominar as alturas,
Ter a posse das constelações,
Já não creio em tais ilusões,
Quero gente, fogueira e canções,
Uma vida mais simples,
De alegrias constantes
E de amores intensos e sãos,
De desejos sinceros e bons,
Como um quadro de múltiplos tons.

terça-feira, junho 16, 2009

festança

Na roda, à fogueira
Viola canta, peão descansa.
Apeou há pouco e já olha o manto negro
que esconde a clareira,
na mata que dorme, silente e mansa.

Atrás de si a porteira
Relembra galopes, canções e xodós,
Juras que ficaram no caminho ataiado.
Teceu um fio de saudade doída e certeira
Aquela faísca lampeira que sobrou
do velho luzeiro empoeirado.

Mas essa é a noite de festa na fazenda.
A boiada chegou cumprindo mais uma lida.
As mulheres que em cantoria na tenda,
Ao redor do fogo estalado,
Com fitas e farda florida,
vão e vem no valsar programado
devolvem ao céu alegria incontida,
declamam um verso pra Deus,
numa reza agradecida.


(08.06.09)

segunda-feira, junho 08, 2009

mistério

Jorge Camargo

Quem tem todos os nomes
E ao mesmo tempo nome algum
Que em tudo põe limites
E cujo limite é nenhum

Quem vai além da oposição
Entre o que tem e não tem fim
Que sai em direção a tudo
E permanece em seu jardim

Tentar saber seu nome
É navegar na imensidão
Do mar que está dentro de si
É mergulhar no coração

E ao mesmo tempo se deixar
Sair além do próprio eu
Render-se por inteiro àquele
Que a alma insiste em chamar Deus

Acima de todo o saber
De todo o crer toda a razão
Além de toda a compreensão

De todo o esforço sério
De toda a investigação:
Eis que habita em nós…
Eis que habita em nós…
Mistério!

sábado, maio 23, 2009

ignorância

mesmo nesse escuro
em que não consegui esconder meu olhar,
me interrogo, por um minuto,
que palavras são essas?
mistério.
essa vela apagou
mas deu pra ver a sombra
de suas retinas cansadas,
como aquelas do poeta.
silêncio.
preferia a sinceridade,
é verdade.
às vezes, nem tanto.
perdão se não entendo.

O medo de amar é o medo de ser livre

(Beto Guedes e Fernando Brant)

O medo de amar é o medo de ser
Livre para o que der e vier
Livre para sempre estar
Onde o justo estiver

O medo de amar é o medo de ser
De a todo momento escolher
Com acerto e decisão
A melhor direção

O sol levantou mais cedo e quis
Em nossa casa fechada entrar
Pra ficar

O medo de amar é não arriscar
Esperando que façam por nós
O que é nosso dever
Recusar o poder

O sol levantou mais cedo e cegou
O medo nos olhos de quem foi ver
Tanta luz

quinta-feira, maio 14, 2009

hoje também vou assim

Hoje vou assim:
com coraçao aberto
pronta para pular do trem!
Vou com certeza de nada
e com vontade de tudo,
domando minhas expectativas,
mas deixando, por vezes,
escapar uma pontinha de sonho.
Que seja eu para estar com você.
Que seja eu para SER o que você quiser.

sábado, maio 09, 2009

A importância da maternidade

by Clarice, claro

Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O ‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca [...]

segunda-feira, abril 27, 2009

quinta-feira, abril 23, 2009

não te amo mais


Clarice Lispector

Não te amo mais
Estarei mentindo se disser que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza de que
Nada foi em vão.
Sei dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer nunca que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade:
É tarde demais…



PS. Agora leia o poema de baixo para cima!!!

sábado, abril 04, 2009

para minha irmã Eliana Holtz

dispensa comentários







Obs.: eu nem tinha lido sua postagem de ontem no gavetas poeticas

sexta-feira, março 27, 2009

curtindo Beatles com Jesus - Deus não é gospel


Rodrigo de Lima Ferreira

Converti-me há 21 anos, em 4 de fevereiro de 1988. A conversão a Cristo promoveu uma verdadeira revolução em minha vida. Experimentei o que significa o amor de Deus. Experimentei, também, o que significa sofrer por causa dessa nova fé. Chacotas, zombarias, humilhações — tudo por causa daquele em quem comecei a crer.
No entanto, aprendi também a criar uma “carapaça” ao meu redor. Vi que talvez fosse melhor me proteger dos temidos ataques do mundo vivendo atrás de um “muro de Berlim” cultural, onde somente aquilo que fosse “religiosamente aceitável” seria admitido. O mais interessante é que esse muro era seletivo. Barrava apenas música e literatura, com exceção da literatura escolar, que era obrigatória. Enfim, aprendi a filtrar aquilo que vinha a mim de acordo com padrões pré-estabelecidos por um ethos social vigente.
Aos poucos, vi essa carapaça contrair trincados e rachaduras. Por meio do pastorado, tive contato com várias realidades no Brasil e fora dele. Em algumas, vi que pessoas que criaram uma carapaça ainda mais grossa do que a minha eram extremamente religiosas, mas que não experimentavam o frescor da graça do crucificado. Em vez disso, exalavam o bolor fétido da religiosidade morta e carcomida dos fariseus contemporâneos de Jesus. Eram capazes de recusar a audição de alguma peça musical devido à sua origem “profana”, mas também se recusavam a viver uma vida de amor cristão, preferindo substituí-la com regrinhas autoglorificantes. E isso tudo em nome de um Deus a quem conheciam só de ouvir falar.
Tive também a oportunidade de conhecer irmãos de outros países que agiam de modo diverso do meu. E vi que, mesmo na diferença cultural, aqueles eram irmãos de valor, com o coração no reino, muito mais até do que eu, com todo o meu escudo confessional.
Nessa minha queda-de-braço cultural com Deus, compreendi melhor o que Paulo quis deixar registrado em Cl 2.20-23: “Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies (as quais coisas todas hão de perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens? As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne”.
Finalmente, vi que estava querendo ser melhor e mais santo que o Senhor. Nessa minha paranoia ególatra, fechei os olhos para a realidade de que “toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tg 1.17), incluindo, aí, as boas dádivas culturais.
“Diga-me de verdade, diga-me porque Jesus foi crucificado / Foi por isso que papai morreu? / Foi por você? Foi por mim? / Será que assisto muita TV? / Isto é uma ponta de acusação em seus olhos?” Esses não são versos de protesto de alguma banda cristã que questiona a banalidade gospel de hoje em dia. São os versos iniciais da música “The post war dream”, do Pink Floyd. Vejo hoje, portanto, que Deus está muito além de nossas limitações culturais. Ele pode usar, caso queira, uma peça teatral, um texto de jornal, uma música para sua glória, independente da confessionalidade. Sua soberania nos mostra que Deus não é gospel. Sua graça nos permite ver a sua beleza por meio da beleza artística, seja ela evangélica ou não.
Enfim, a graça de Deus me mostra, entre outras coisas, que posso curtir boa música, independentemente do rótulo, com o Senhor.


Rodrigo de Lima Ferreira, casado, duas filhas, é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil desde 1997. Graduado em teologia e mestre em missões urbanas pela FTSA, hoje pastoreia a IPI de Rolim de Moura, RO. (Digão), no site da Ultimato.


via pavablog

segunda-feira, março 23, 2009

divas in concert



I-M-P-E-R-D-I-V-E-L



Participação especial: Fabinho Silva e Débora Camargo


reportagem visual(by Fe Lopes):














quinta-feira, março 19, 2009

terça-feira, março 17, 2009

nossa roça, nossa bossa?


eita, i num é que o cê ta convidado, homi?

segunda-feira, março 16, 2009

não adianta vir com guaraná pra mim






Mudanças são boas ? - perguntamos às crianças.

Não demorou muito para ouvirmos um sonoro NNNNNNNNÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO!!!!!

E assim foi que tentávamos explicar algumas mudanças na nossa rotina e que isso seria uma decisão familiar, que seria bom para todos, etc, etc, etc.

Surgiram algumas lágrimas impulsivas e outras de adesão.

No fim, todo mundo entendeu, mas não sei se aceitou.

A conversa começou, por que tínhamos acabado de assistir o filme "Chocolate", com Juliette Binoche e Johnny Deep.

Foi aí que algumas insatisfações antigas e recorrentes não mais conseguiram ficar caladas.

Assista o filme e depois me conte.

sexta-feira, março 06, 2009

trinta e seis


Difícil dizer, hoje,
se abrissem os nichos da minha alma,
se todas as surpresas encontradas seriam boas.
Às vezes, me vejo fada,
por outras, me percebo bruxa.
Por vezes, involuntário,
em outras, porém, nem tanto.
Mas não me entrego
a remorsos desesperados.
Dualidades e oposições
são mesmo destilados dessa natureza contrastiva.
O mal que não procuro,
por vezes me persegue.
A bondade desejada,
quase sempre se afugenta.
Assim é que,
quando numa busca verdadeira,
eu conseguir revolver-me à essência
de minha origem celestial,
tudo isso passará,
e serei alguém um tanto quanto melhor.

sábado, fevereiro 28, 2009

do it

pra que complicar?
sabe quando você se sente um ET no meio dos seus?
sabe quando as coisas são tão óbvias, mas parece que só você enxerga?
sabe quando você tenta dizer, mas ninguém quer escutar?


Do It

Lenine/Ivan Santos

Tá cansada, senta
Se acredita, tenta
Se tá frio, esquenta
Se tá fora, entra
Se pediu, agüenta
Se pediu, agüenta...

Se sujou, cai fora
Se dá pé, namora
Tá doendo, chora
Tá caindo, escora
Não tá bom, melhora
Não tá bom, melhora...

Se aperta, grite
Se tá chato, agite
Se não tem, credite
Se foi falta, apite
Se não é, imite...

Se é do mato, amanse
Trabalhou, descanse
Se tem festa, dance
Se tá longe, alcance
Use sua chance
Use sua chance...

Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô!, Hum!...

Se tá puto, quebre
Ta feliz, requebre
Se venceu, celebre
Se tá velho, alquebre
Corra atrás da lebre
Corra atrás da lebre...

Se perdeu, procure
Se é seu, segure
Se tá mal, se cure
Se é verdade, jure
Quer saber, apure
Quer saber, apure...

Se sobrou, congele
Se não vai, cancele
Se é inocente, apele
Escravo, se rebele
Nunca se atropele...

Se escreveu, remeta
Engrossou, se meta
E quer dever, prometa
Prá moldar, derreta
Não se submeta
Não se submeta...



pois é....

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

tudo passa

Jorge Camargo


Nada te turbe
Pois tudo passa
A paciência
Tudo alcança
Nada te espante

Quem tem a Deus
Quem tem a Deus,
Nada lhe falta,
Nada lhe falta,
Só Deus é o bastante.

"...certa vez lhe perguntaram: Em que situaçao encontro Deus? Onde o encontro? Teresa (D`Avila) respondeu: "cuando gallinas, gallinas;cuando ayuno, ayuno". Quando comermos galinhas, que as comamos com prazer. Ao jejuarmos, jejuemos com seriedade. Ou seja, tudo o que fizermos, façamos radicalmente, por inteiro. Agir assim, segundo Teresa, é estar em Deus."

trecho do livro "Somos Um", de Jorge Camargo.

sábado, fevereiro 21, 2009

covardia

Se eu pudesse crer
que minhas palavras faladas
fossem mais eficazes
que minhas palavras escritas
eu gritaria com muita força.
Quem sabe o mundo as ouvisse.
Quem sabe entendesse.
Quem sabe me amasse.
Gostasse do verso,
bebesse a poesia,
sonhasse o romance.
Talvez conhecesse letra a letra.
Mas, quem é capaz de ler o verso?
Quem é capaz de sorver a cantiga
tal como ela é?
Se ao menos o mundo realmente me ouvisse....

setembro de 1993

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

quarta-feira, janeiro 28, 2009

verdão ê, ô....



De pensar que um dia já briguei muito com palmeirenses...
O que uma mãe não faz por seus filhos?
Ontem fui prova viva disso.
Fomos ao Palestra assistir Palmeiras x Marilia.
É, ontem, naquele final de tarde bem propício pra isso.
Saímos de casa duas horas e meia antes do jogo começar.
Havia chovido o dia todo, mas todos na maior esperança: vai melhorar...
No caminho, rádio ligado nas AM's da Capital.
Eldorado, Jovem Pan, Band...
..."a situação do estádio é caótica. Está tudo alagado. Talvez não haja jogo..."
O quê?
Talvez não haja jogo?
Seria melhor voltar?
O trânsito está péssimo mesmo.
Nem pensar.
Vamos e pronto.
O rádio novamente:
- "o trânsito nos arredores do estádio está impraticável. Os torcedores não conseguirão chegar antes do jogo começar..."
A cada notícia nos entreolhávamos.
Agora não era hora para terrorismo.
..."melhor parar de me olhar..."
Tá bom!
E não era só isso...
Tínhamos que comprar ingresso ainda.
Claro! mea culpa!
Na terça feira quando fui comprar no Bruno Daniel, esqueci os documentos das crianças.
Voltei pra casa de mãos vazias.
Chegamos ao Parque Antártica por volta de 20:00 horas.
A fila da bilheteria: imensa, óbvio.
Primeiro gol do Palmeiras: todo mundo pula na fila. Nós também.
Nervos em frangalhos.
A chuva recomeça a apertar.
Figura interessante nós quatro de capa de chuva (que na 25 de março custa R$2,00 e havíamos pago R$ 5,00 cada uma ali mesmo na porta do estádio...).
Finalmente entramos.
Tudo resolvido.
Não fosse o fato do estádio estar parecendo o Rio São Francisco, de tão alagado...
Fabinho e Guga não cabiam em si de tanta felicidade.
Lorena ainda refletindo acerca dessa sua primeira experiencia de ver um jogo ao vivo.
- Filha, está gostando de vir aqui, mesmo com essa chuva?
-Sim, mãe. Mas o que me incomoda mesmo é esse barulho das torcidas....
O que me incomoda mesmo é o barulho...essa sim. Coisas de Lorena!
Então ali estava eu.
Molhada da cabeça aos pés, torcendo loucamente pelo Verdão.
E o pior: era sincero.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

onde brihem os olhos seus


Finalmente adquiri meu exemplar do cd solo da Fenanda Takai.


Embora tenha me decepcionado um pouco pelo fato da maioria dos recursos musicais usados serem eletrônicos(nem a batera foi acústica...) gostei muito do disco, pois a-d-o-r-o a interpretação da Fernanda.


minha peferida (que já postei aqui em outra oportunidade):


ESTRADA DO SOL

Tom Jobim/Dolores Duran

é de manhã
vem o sol
mas os pingos da chuva
que ontem caiu
ainda estão a brilhar
ainda estão a dançar
ao vento alegre
que me traz esta canção
quero que você
me dê a mão
vamos sair por aí
sem pensar
no que foi que sonhei
que chorei, que sofri
pois a nossa manhã
já me fez esquecer
me dê a mão
vamos sair
pra ver o sol






quinta-feira, janeiro 01, 2009

adeus ano velho, feliz ano novo




O ano novo é algo psicologico, pois o tempo real não tem divisões. Tudo segue.


Apesar disso, sentir a contagem regressiva, estar junto à familia, ver os filhos com aquelas carinhas de alegria para os fogos de artificio, não tem preço. Causa mesmo um frisson.


Inevitavelmente os propositos se renovam. Ainda bem.


Se não fosse assim, talvez fossemos pessoas muito piores.




FELIZ ANO NOVO!