sábado, agosto 08, 2009

canção quase inquieta

(Cecília Meireles, Flor de Poemas)

De um Lado, a eterna estrela
e do outro a vaga incerta,

meu pé dançando pela
extremidade da espuma,
e meu cabelo por uma
planície de luz deserta.

Sempre assim:
de um lado, estandartes do vento …
- do outro, sepulcros fechados.
E eu me partindo, dentro de mim,
para estar ao mesmo momento
de ambos os lados.

Se existe a tua Figura,
se és o Sentido do Mundo,
deixo-me, fujo por ti,
nunca mais quero ser minha!

(Mas, neste espelho, no fundo
desta fria luz marinha
como dois baços peixes,
nadam meus olhos à minha procura …
Ando contigo — e sozinha.
Vivo longe — e acham-me aqui…)

Fazedor da minha vida,
não me deixes!
Entende a minha canção!
Tem pena do meu murmúrio,
reúne-me em tua mão!

Que eu sou gota de mercúrio
dividida,
desmanchado pelo chão …

Um comentário:

Fernando disse...

Cara Debi,
andei postando alguns comentários anônimos no seu blog.
Criei três blogs com algumas poesias minhas.
Se tiver tempo veja:
http://haikaiscaemdoceu.blogspot.com/
http://gustateetvidete.blogspot.com/
http://vareiosedesvarios.blogspot.com/

Abraços