sábado, dezembro 25, 2010

simples como viver a eternidade

No Presepio- Adélia Prado
Minha alma debate-se, tentada à tristeza e seus requintes. Meu pai morto não vai repetir este ano: "Nada como um frango com arroz depois da missa". Minha irmã chora porque seu marido é amarradinho com dinheiro e ela queria muito comprar uns festões, uns presentinhos mais regalados, ô vida, e ele acha tudo bobagem e só quer saber de encher a geladeira com mortadela e cerveja. Talvez, por isto, ou porque me achei velha demais no espelho da loja, sinto dificuldades em ajudar Corália. Queria muito chorar, deveras estou chorando, às vésperas do nascimento do Senhor, eu que estremeço recém-nascidos. Estou achando o mundo triste, querendo pai e mãe, eu também. Corália disse: você é tão criativa! E sou mesmo, poderia inventar agora um sofrimento tão insuportável que murcharia tudo à minha volta. Mas não quero. E ainda que quisesse, por destino, não posso. Este musgo entre as pedras não consente, é muito verde. E esta areia. São bonitos demais! À meia-noite o Menino vem, à meia-noite em ponto. Forro o cocho de palha. Ele vem, as coisas sabem, pois estão pulsando, os carneiros de gesso, a estrela de purpurina, a lagoa feita de espelhos. Vou fazer as guirlandas para Corália enfeitar sua loja. A radiação da "luz que não fere os olhos" abre caminho entre escombros, avança imperceptível e os brutos, até os brutos, banhados. Desfoco um pouco o olhar e lá está o halo, a expectante claridade, em Corália, em Joana com seu marido e em mim, também em mim que escolho beber o vinho da alegria, porque deste lugar, onde "o leão come a palha com o boi", esta certeza me toma: "um menino pequeno nos conduzirá".



Do livro Filandras, Editora Record - Rio de Janeiro, 2001, p 111

segunda-feira, dezembro 06, 2010

mala



Por esses dias estaremos mudando de cidade.
Algo que queremos há muitos e muitos anos.
Vai ser algo bem radical,  mudança total de estilo de vida.
Já estou encaixotando as coisas faz um tempo. Um pouquinho por dia.
Tenho jogado muita coisa fora. Muito lixo mesmo.
Por essa razão me pego perguntando por vezes: " então, o que realmente eu vou levar na minha mala?"
Fico meio reticente...
Talvez alguns livros, cd's e muito poucos amigos.

quinta-feira, outubro 07, 2010

todo o azul do mar

Flávio Venturini

Foi assim, como ver o mar
A primeira vez que meus olhos se viram no seu olhar
Não tive a intenção de me apaixonar
Mera distração e já era momento de se gostar

Quando eu dei por mim nem tentei fugir
Do visgo que me prendeu dentro do seu olhar
Quando eu mergulhei no azul do mar
Sabia que era amor e vinha pra ficar

Daria pra pintar todo azul do céu
Dava pra encher o universo da vida que eu quis pra mim

Tu...do que eu fiz foi me confessar
Escravo do seu amor, livre pra amar
Quando eu mergulhei fundo nesse olhar
Fui dono do mar azul, de todo azul do mar

Foi assim, como ver o mar
Foi a primeira vez que eu vi o mar
Onda azul, todo azul do mar
Daria pra beber todo azul do mar
Foi quando mergulhei no azul do mar


A long time ago te dei um bilhetinho com essa musica.
Ainda sinto tudo isso e muito mais.
Lembro do gosto do primeiro beijo, do seu cheiro na minha mão quando você ia embora.
Feliz 15 anos!

I love you!!

Debis

segunda-feira, setembro 27, 2010

Retrato

(Cecilia Meireles)

"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?"


há quem diga que quem ama não disciplina.
eu, por mim, creio que é o contrário.
muitas vezes, precisamos colocar as coisas nos eixos pra vida voltar a ter sentido.
e olha que ela passa rápido demais.
é passar os olhos pelo relógio e ver que a imagem que está no espelho é estranha.
muito dificil lidar com perdas, filhos que vão embora, passar os dias em branco, enfermidades, solidão.
complicado passar da posição de condutor à de conduzido.
tornar-se como criança.
porém, a infância é menos árdua.
envelhecer pode ser maravilhoso, mas não deixa de ser um parto tardio, se é que me entendem.
necessário despojar-se de conceitos e ritos, mas também apropriar-se de novas formas, novos fazeres.
espero que minhas disciplinas não sejam tão ásperas, apesar de revestidas de muito amor.
desejo que façam surtir renovação.

terça-feira, agosto 24, 2010

comer, beber, namorar

Li hoje esse post  num blog que sigo.
Num primeiro impacto, ri muito: alguém nessa vida tem tempo pra fazer isso ainda?
Depois, me inquietei.
Acho que estamos precisando de umas férias A DOIS.

quinta-feira, agosto 19, 2010

Ausência de poesia

Adelia Prado


Aquele que me fez me tirou da abastança,

Há quarenta dias me oprime do deserto. (...)

Ó Deus de Bilac, Abraão e Jacó,

Esta hora cruel não passa?

Me tira desta areia, ó Espírito,

Redime estas palavras do seu pó.



(Poesia Reunida, p.189.)



ando assim também.
para ler meus poemas passados, digite na busca o tag "meus poemas".
por hoje é só o que tenho.

sexta-feira, agosto 13, 2010

maravilhoso olhar

veja a gente no  culto da Fogueira da ONG Aprisco em Rio Grande da Serra -SP

segunda-feira, julho 12, 2010

casa no campo



Zé Rodrix e Tavito

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais

Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal

Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais.

terça-feira, junho 22, 2010

cara de um, focinho de outro


olha como a minha bisavó era parecida comigo... e era modernérrima também!!!

sexta-feira, junho 11, 2010

Canção Excêntrica

Cecilia Meireles


Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-me num abraço
e gero uma despedida.

Se volto sobre meu passo,
é distância perdida.

Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.

Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
-  do que faço, arrependida.

quarta-feira, maio 19, 2010

sangue doce

Pois é, agora posso me inserir em uma nova classe de pessoas: os diabéticos.
Tudo bem , eu já estava em várias outras: mulher, mãe, advogada, esposa, poeta...essa é só mais uma.
Confesso que ainda estou digerindo meio que isso tudo.
Apesar de mamãe também fazer parte da classe há uns 20 anos e eu conviver com isso todo esse tempo, às vezes me pego um pouco ansiosa quanto ao futuro.
Não queria encarar isso com uma doença, mas como um novo modo de vida.
Porém, por vezes, me apavoro um pouco, penso nas complicações que hão de vir, sem dó nem piedade.
Enquanto isso, vou levando as coisas, tentando ter bom humor.

Esta semana fiz duas receitas "diabéticas":
torta de palmito sem lactose e com massa integral (Hummmm, ficou boooommmm) e mousse de maracujá diet (só que esse tinha lactose por conta do leite condensado diet- na próxima, vou tentar fazer com "leite de soja"....).

quarta-feira, maio 12, 2010

coração de mulher - feliz dia das mães atrasado...

Letra e musica: Gerson Borges*

As vezes sou Ana chorando ãs portas do templo
Um grito, um lamento abafado, explodindo por dentro
Em outras, Dalila, sorrindo mentiras, manipulação
Que sem que eu perceba, só enganam meu triste coração
Só o meu coração feminino
Só o meu coração de mulher
Esse meu coração tantas vezes sem fé

Tem dias que olho no espelho e me vejo Maria
Querendo sentar aos teus pés e esquecer-me do dia
Em outros, é Marta me olhando cobrando rigor, perfeição
Inconsistente e instável, o meu triste coração
Sempre assim, coração pequenino
Frágil, meu coração de mulher
Esse meu coração que não perde a fé

De que o Senhor me atende e me abraça
E essa graça acalma a minha dor
Dor que é singular
Dor que é diferente, é da mulher
O Senhor, que já me amava menina
Pequenina, sonhando até
Em crescer e encontrar o Verdadeiro Amor
Para o meu coração de mulher

Em outros momentos da vida eu sou Madalena
Dizendo "Eu vi o Senhor! Tudo valeu a pena!"
Mas a roda do mundo girando me torna a mulher de Jó
Desacreditando na vida - eu sou mesmo cinza e pó
Sou Raabe, Miriã, Bate-Seba
Rute, Lidia e a mulher de Moises
e a pecadora que chora aos teus pés

* nosso pastor poeta

domingo, maio 02, 2010

a verdade dói

A Verdade (Carlos Drummond de Andrade)

A porta da verdade estava aberta,
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade,
E a sua segunda metade
Voltava igualmente com meios perfis
E os meios perfis não coincidiam verdade...
Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta,
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual
a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela
E carecia optar.
Cada um optou conforme
Seu capricho,
sua ilusão,
sua miopia.

terça-feira, abril 27, 2010

San Vicente



Milton Nascimento/Fernando Brant

Coração americano
Acordei de um sonho estranho
Um gosto, vidro e corte
Um sabor de chocolate
No corpo e na cidade
Um sabor de vida e morte
Coração americano
Um sabor de vidro e corte

A espera na fila imensa
E o corpo negro se esqueceu
Estava em San Vicente
A cidade e suas luzes
Estava em San Vicente
As mulheres e os homens
Coração americano
Um sabor de vidro e corte

As horas não se contavam
E o que era negro anoiteceu
Enquanto se esperava
Eu estava em San Vicente
Enquanto acontecia
Eu estava em San Vicente
Coração americano
Um sabor de vidro e corte

quarta-feira, abril 21, 2010

Êxodo

A vida da gente é um caso sério.
Todo dia passa e não dá para fazer tudo que precisa.
E à noite, quando deito, minha mente vai a mil: e aquela roupa que ficou pra passar; a tarefa da filha que não conferi direito;  um processo que já estou perdendo o prazo e ainda não ingressei; podia ter batido um bolo; acho que não orei hoje - e começo: "Senhor Deus, obrigada por este dia, abençoe meus filhos....zzz..."
Já foi.
No dia seguinte, levanto assustada com o despertador, acho só um chinelo no escuro, ligo a cafeteira, preparo o lanche das crianças, levo pra escola, caminho, aproveito e passo no mercado, chego, coloco roupa na máquina, faço o almoço- pois já estou perdendo a hora, pego as crianças na escola, eles tem que comer rápido (daqui a meia hora, tem que chegar no inglês), estou esperando mesmo, vou passar na lavanderia, volto, preparo um lanche, termino de arrumar a cozinha que não deu tempo antes do inglês, nossa, tenho que conferir meus e-mails, mas agora não dá, filho, já fez o trabalho de ciências? é pra amanhà, hein?já deu a hora da panela de pressão, o feijão está pronto, menina, sai logo desse banho, seu pai já vai chegar! jantamos, tiro os pratos da mesa, lavo toda a louça,o fogão fica pra amanhã, puxa! já perdi o jornal! arrumo os uniformes, já deixo a mesa do café pronta e a cafeteira é só ligar, tomo um banho mais que merecido, cadê meu pijama? deito, começo ler a Bíblia e zzzzz....
Não tem fim isso.
Percebeu que fiz mil coisas, mas quando chegou a hora dos meus momentos íntimos com Deus, não deu tempo?
E vou levando assim...
E já faz tempo.
E coloco a culpa na falta de tempo
Daqui a exatos três anos completarei quarenta.
Será que conseguirei, por fim, sair desse deserto?

sexta-feira, abril 16, 2010

Como eu não sei rezar, só queria mostrar meu olhar

O PALHAÇO


Vocal Ellas/ composição Grecco

Preste atenção nessa história
que eu vou te contar.
Essa história que eu conto é pra fazer pensar.

No altar da Igreja, um belo dia,
chega o sacristão com a vassoura,
pá e pano pra limpar o chão.

E lá chegando encontrou o palhaço a brincar,
equilibrando uma bola no seu calcanhar.
E entre risos o palhaço escorregou no chão
e terminando a cambalhota viu o sacristão.

“Mas que vergonha, o que que é isso?”
disse o sacristão.
“Onde se viu fazer bagunça?”
o que ele disse então.

Mas o palhaço sorriu e disse a cantar:
“Eu sou o palhaço e brincando é que eu sei rezar.
Como você o que tenho pra oferecer,
igual a você o melhor para oferecer para Deus”.

Essa palavra então, por fim, calou o sacristão.
E ele lembrou que o melhor se dá de coração.
E o palhaço alegremente assim se despediu
em uma pirueta louca como ele partiu.

Laiá, laiá, laiá, laiá...

Mas o que nem sacristão e nem palhaço viu,
é que a imagem do menino Jesus sorriu.


ouça a canção aqui

Vocal agradável e bastante harmônico.
Musica "up" e divertida, que realmente faz pensar.
Doutrinas e diferenças à parte, vale a pena conferir.

domingo, março 28, 2010

Meribá

Débora Camargo e Fabinho Silva

Confesso, mesmo, quis mostrar que eu podia
Com meu milagre o povo fazer calar
Num rompante de insana fúria
Me envaideci, usando a força da vara.

Ah! se eu não tivesse ferido a rocha
E somente firmes fossem minhas palavras,
Água da Vida abundante eu teria
E na terra santa eu entraria:
- terra que mana leite e mel!

Meribá, Meribá...
Essas são as águas de Meribá.

Meribá, Meribá...
Essas são as águas tristes de Meribá.

(27.03.2010) - musica em tom menor, que retrata  o lamento de Moisés
Meribá significa contenda, rebelião




Números 20

1  Chegando os filhos de Israel, toda a congregação, ao deserto de Zim, no mês primeiro, o povo ficou em Cades; e Miriã morreu ali, e ali foi sepultada.

2 E não havia água para a congregação; então se reuniram contra Moisés e contra Arão.
3 E o povo contendeu com Moisés, dizendo: Quem dera tivéssemos perecido quando pereceram nossos irmãos perante o SENHOR!
4 E por que trouxestes a congregação do SENHOR a este deserto, para que morramos aqui, nós e os nossos animais?
5 E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este lugar mau? lugar onde não há semente, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem tem água para beber.
6 Então Moisés e Arão se foram de diante do povo à porta da tenda da congregação, e se lançaram sobre os seus rostos; e a glória do SENHOR lhes apareceu.
7 E o SENHOR falou a Moisés dizendo:
8 Toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha, perante os seus olhos, e dará a sua água; assim lhes tirarás água da rocha, e darás a beber à congregação e aos seus animais.
9 Então Moisés tomou a vara de diante do SENHOR, como lhe tinha ordenado.
10 E Moisés e Arão reuniram a congregação diante da rocha, e Moisés disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes, porventura tiraremos água desta rocha para vós?
11 Então Moisés levantou a sua mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saiu muita água; e bebeu a congregação e os seus animais.
12 E o SENHOR disse a Moisés e a Arão: Porquanto não crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não introduzireis esta congregação na terra que lhes tenho dado.
13 Estas são as águas de Meribá, porque os filhos de Israel contenderam com o SENHOR; e se santificou neles.

quarta-feira, março 24, 2010

quem não tem colírio usa óculos escuros


brigadeiro diet



Com o leite condensado diet:

130ml água quente
100g leite em pó desnatado
1 colher (sobremesa) margarina light
1 colher (sopa, rasa) adoçante (sacarina/ciclamato ou sucralose)

Fazendo o brigadeiro:

3 colheres (sopa) chocolate em pó diet
1 receita de leite condensado diet
½ xícara (chá) leite desnatado
½ xícara (chá) leite em pó desnatado
1 colher (sopa) margarina light 1 colher (sobremesa, rasa) adoçante(sacarina/ciclamato ou sucralose)

Preparo :

Bata no liquidificador todos os ingredientes do leite condensado e leve à geladeira por 30 minutos.
Bata todos os ingredientes do brigadeiro no liquidificador, passe para uma panela e leve ao fogo mexendo sempre, até desprender do fundo.
Deixe esfriar, enrole os brigadeiros e passe no chocolate granulado ou nas raspas.


Rendimento: 25 unidades
Cada porção=41 calorias

terça-feira, março 16, 2010

Bom Dia São Paulo

Desde que me vi diabética, e, por expressas ordens médicas, passei a ser uma caminhante rotineira.
Quando estou com muita preguiça, caminho na esteira do prédio mesmo.
Porém, gosto mais de caminhar ao ar livre.
Aqui na região tem tres parques que me servem ao exercício.
Um deles é bem grandão; a pista tem uns 2,3 Km.
Os outros dois são pequenos, de 400 m e 650 m de pista; entretanto, tem musica ambiente, são superorganizados, bem legais mesmo.
Num desses parques pequenos tem um senhor de meia idade, grandalhão, assim meio desengonçado, mas que está lá todos os dias, na sua missão da prática esportiva; não falta.
Um dia desses, ele me disse - "bom dia!".
Como não sou amiga, nem nada, fiquei até pensando mal dele.
Comentei o evento com minha cunhada num outro dia e ela disse que ele também a cumprimentava.
"Que estranho! - falamos em coro.
Comecei então a prestar atençao no tal senhor.
Não é que ele cumprimenta todas as pessoas do parque???!!!!??
Ele vai caminhando, correndo, e, a cada pessoa que passa, ele diz: -Bom dia!
É muito engraçado ver a reação das pessoas (assim como foi a nossa).
Umas olham como querendo dizer: "que isso?".
Outras, talvez pensem, "quem é esse intruso? sai da minha privacidade..."
Outros,ainda, simplesmente ignoram.
Essas cenas poderiam passar desapercebidas; afinal, que tem demais falar bom dia pra alguém?
Porém, no mundo em que vivemos, um simples "bom dia", tem feito muita diferença, já que não é uma coisa tão corriqueira assim.

sábado, março 13, 2010

um gosto de sol

Milton Nascimento/Ronaldo Bastos

Alguém que vi de passagem
Numa cidade estrangeira
Lembrou os sonhos que eu tinha
E esqueci sobre a mesa
Como uma pêra se esquece
Dormindo numa fruteira
Como adormece o rio
Sonhando na carne da pêra
O sol na sombra se esquece
Dormindo numa cadeira

Alguém sorriu de passagem
Numa cidade estrangeira
Lembrou o riso que eu tinha
E esqueci entre os dentes
Como uma pêra se esquece
Sonhando numa fruteira

sexta-feira, março 12, 2010

guga, meu filho de 12 anos



"o sininho vai tocar 
tá na hola de ir embola,
até lozo pofessola,
que a mamãe já tá lá fola..."

(melodia da musica Terezinha de Jesus...)

Esse aí é você, filho, cantando na escolinha, com um ano e oito meses.
sempre te disse que você foi meu melhor presente de aniversário (sou nascida aos 6 de março, lembra?).
e foi mesmo.
lembrar tudo que já passamos juntos é reconhecer que Deus é o autor de inumeros milagres!
Ele me deu voce, me ensinando um amor diferente de todos os outros.
pude entender um pouquinho mais do fato dEle ter mandado seu filho Jesus a morrer por nós.
hoje voce completa 12 anos!
Parabens, meu pequeno-grande homenzinho...


beijo.
Mamãe.

terça-feira, março 09, 2010

fogo que arde sem se ver

chegou tão despretensioso, que nem eu mesma percebi que, lá no fundo, quem já pretendia alguma coisa era eu.
eu vi aquela cara amarrada e, contraditoriamente (como tão contrário a si só pode ser mesmo o amor), me amarrei.
fui pega de jeito.
tanto tempo, tanta história.
quase vinte anos depois e com um saldo de dois filhos (m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o-s), ainda sinto um arrepio na espinha quando ganho um beijo.
creio que toda hora é propicia a se dizer: eu te amo!

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

vacanto

Inovei nesse verbete.
Não sou avessa a neologismos,
Visto que a todo me invento.
Aprecio versos livres.
E palavras.
Vago e canto.
E são tantas vagas,
Tantos outros cantos.
Das notas.
Da alma,
Cerrados amiúde.
Sou poeta de solidão
unida ao silêncio.
As multidões me enfadam.
Nem sempre foi assim.
Por ora me basta.

(18.02.2010)

terça-feira, fevereiro 09, 2010

perdendo as liquidaçoes




ontem entrei no shopping e vi que quase todas as lojas estão em liquidação.
fui à pé. economizei cinco reais de estacionamento e gastei algumas calorias que ganhei na viagem de férias da semana passada.
passeei por lá uns bons minutos, comprei um item de material escolar que faltava à lista de meus filhos, tomei um cafezinho (sou paulista, meu...) com meu marido e fui embora.
não comprei mais nada.
nenhuma calça jeans.
nada de sapatilha nova - nem aquela mais linda que eu estava querendo.
que será de mim?
perdi os famosos descontos de final de verão!
para minha supresa, não tinha nada lá de que eu estivesse precisando tanto.
como disse minha filha - "mãe, o bom de você ter emagrecido (estou sete kg mais magra, por conta de uma diabetes descoberta em outubro de 2009) é que suas roupas antigas estão servindo e não precisa comprar novas!"
as crianças são sábias e sinceras.
passei muito bem sem gastar.
às vezes fico pensando que será dificil viver sem meu salariozinho para gastar com as coisas que eu gosto (estou desempregada por opçao desde novembro - agora sou trabalhadora autônoma - aliás, se alguem precisar de serviços advocatícios é só entrar em contato...)
mas, sabe que antes eu vivia pendurada no cheque especial, nao tinha tempo nem de ir ao shopping, quanto mais à tarde, à pé, nem sentar pra tomar um cafezinho...
com algumas mudanças de vida, podemos reclassificar nossas prioridades.
muito bom isso.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

receita de ano novo - feliz 2010!!!

carlos drummond de andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.