quarta-feira, outubro 29, 2008

eu queria ter na vida simplesmente


“Deus olhou lá de cima e confiou em mim...”
Será mesmo que estou à altura?
Às vezes me sufoco com meus sentimentos de culpa.
Trabalhar demais. Correr demais. Cansar demais. Reclamar demais.
-“você nem tem muito tempo pra brincar comigo.”
-“liga pro seu chefe. Diz que você não vai trabalhar.”
E não é que eles sabem mesmo o ponto fraco?
Queria tanto mais tempo pra fazer tudo o que eu queria.
Conferir a tarefa com calma. Assistir filme deitada no chão. Comer porcarias ou dormir tarde mesmo durante a semana. Falar menos não. Levar no inglês, na natação, na pracinha, andar de bicicleta. Dançar no tapete da sala.
Ou o que eles queriam.
E essa correria vale mesmo a pena?
-“o problema é que a gente leva um tipo de vida que não queria.”
Talvez eu resumisse: o problema é que a gente tem medo de ousar. Vai levando, apenas.

sábado, outubro 18, 2008

deixo pra trás a vontade de desistir

De repente eu começo a entender por que as pessoas escrevem.
É um exercício de exorcismo.
Colocar tudo pra fora. Tudo que está fazendo mal. Ou bem.
Não é diálogo. Por isso é bom.
Ninguém interrompe, não há reprovação.
Ao mesmo tempo, esperam cumplicidade. Mas aquela anônima, que não interfere.
Tenho lido tantos desabafos “bloguísticos”.
É meio solitário isso. Apesar do alcance da net. Meio paradoxal.
Não tenho escrito muito por aqui.
Parece que ta faltando assunto. Ando numa correria sem fim, cansada mesmo.
Preciso de um tempo pra colocar as idéias no lugar e isso não tem acontecido. Por mais que eu queira.
Vou postar essa musica então.
Deixar que outros falem por mim hoje.


sexta-feira, outubro 03, 2008

e por falar em nostalgia

casagrande



Deitar com você nesta rede
Num xadrez que enquadra o luar
Remete ao perfume do orvalho:
Cheiro de aconchego,
lembranças de varandas que nunca tivemos.

Noite, frio, eu e você:
Emaranhado de sujeitos
Envoltos pelo sereno
Que vem ninar as samambaias, as hortênsias
Do jardim que nos sonhos é sempre nosso.

O barulho do vai e vem:
A trilha sonora
Que acompanha o vento singelo
e desarruma os cabelos,
mas coloca em ordem a presente vontade
do nosso pedaço de sossego.


minha tela de Anderson Monteiro "puxa uma cadeira minh'alma"

quarta-feira, outubro 01, 2008

paciência

Lenine

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma,
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma,
A vida não pára.
Enquanto o tempo acelera e pede pressa,
Eu me recuso faço hora vou na valsa,
A vida é tão rara.

Enquanto todo mundo espera a cura do mal,
E a loucura finge que isso tudo é normal,
Eu finjo ter paciência.
E o mundo vai girando cada vez mais veloz,
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós,
Um pouco mais de paciência.

Será que é tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara, tão rara.
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma,
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma,
Eu sei, a vida não para,
A vida não para não.


A vida é tão rara,
A vida é tão rara.




sabe quando você pensa: "eu poderia ter feito essa música"?
pois é.