sábado, dezembro 27, 2008

Regras valem


Lidar com pessoas é complicado mesmo. Numa simples brincadeira o líder disse: “fiquem tranqüilos, é bem engraçado. As regras são estas: tais, tais e tais. Vocês vão se divertir.
Em poucos minutos todos estavam rindo, descontraídos. Até que o negócio começou a ficar pessoal e uma ala dos participantes passou a questionar as regras.
Mais que depressa, os criadores das regras disseram que elas valiam para todos. E não era para reclamar, pois foram bem explicadas (ou impostas) no começo.
O processo continuou e quando os líderes começaram a ser afetados, as regras já não deveriam valer mais. Era hora de mudar o jogo.
Conclusão: regras são criadas para os outros cumprirem.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

DEUS CONOSCO



As crianças escreveram : "Papai Noel, sei que vc não existe..." - eu quis intervir, mas não pude.
Tive certeza: a inocência já se foi. E há muito.
Acho que também nunca acreditei, mas talvez fingisse pra mim mesma essa fantasia.
E disseram também: “queremos um presépio – o verdadeiro sentido do natal.”
Foi então que reparei que havia velas, estrelas, bolas, luzes, renas, bonecos de neve e papai-noéis por todos os lados, menos um presépio.
A geração de hoje é mais pragmática, mais sincera, mais autêntica que a nossa.É também mais madura. Sabem das coisas e defendem suas bandeiras.
Hoje mesmo vou providenciar uma manjedoura para agasalhar o menino que nos conduzirá ao Reino Eterno, aquele chamado Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Organiza o Natal

Carlos Drummond de Andrade

Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal.

É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito.
E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas.
Será bom.
Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade.
Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile.
E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.
Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma.
Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio.
O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso.
A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.
A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som.
Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.
A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.
Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie.
Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.
O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo.
Salário de cada um: a alegria que tiver merecido.
Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.
Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas.
Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.
A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.
O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.

E será Natal para sempre.




Texto extraído do livro "Cadeira de Balanço", Livraria José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1972, pág. 52.

quarta-feira, dezembro 17, 2008

momento eu























































o que foi o show do Raiz duma terra seca

por Fabinho Silva no Blog Raiz Duma Terra Seca


Acordei azedo nesta segunda feira cinzenta. Me parece que meu grau de ranzisisse (quem lê, entenda) antecipou o que vai ser de mim daqui uns 30 anos, no melhor da minha velhice: um sujeito rabugento e resmungão.
Isso prova o quanto, de verdade, estou feliz e satisfeito com o show do lançamento do meu CD no último sábado. Se estou rabugento hoje, foi porque estive mais que eufórico e extasiado no sábado.




Até há pouco tempo, eu não teria coragem sequer de mostrar uma composição nova pra minha própria esposa, mas sábado pude ouvir minhas músicas na voz de uns caras que há até pouco tempo eram meus ídolos.
Stênio Marcius, Glauber Plaça, Baixo&Voz. Já pensaram? Blockbusters da mpb crente...






e depois, os novos e tecnicamente implacáveis Diego Venâncio e Elly Aguiar.



E meu conselheiro, poeta, otimista incorrigivel, envergonhado parceiro na roda de samba, Eliezer Venâncio.




Tinha um maestro tocando piano, Eber Scherrer, sempre fleumático e brilhante. Um baterista que conheci a semana passada, o literalmente grande Ocimar Canovas, autodidata que faz carinho na batera. A flauta com charme e precisão da Sara "Venancio" Muller.









A revelação instrumental do ano, o violeiro Saulo Calantone.





E minha musa, linda como sempre, Debora "Takai" Camargo.






Tinha o Amauri e o Geir fazendo das tripas coração pra sonorização ser a melhor possível, um apoio inesperado e querido da Comunidade de Jesus em SBC. Tinha a Cibelle e a Fê Lopes, nossa maior tiete, cuidando de tudo que tinha a ver com decoração e detalhes logísticos. A Talita, minha sobrinha mais acelerada, cuidando do lodjinha.
















A prima Viviane Valim e a amiga Angélica Aguiar receberam elegantemente a platéia.














E toda a estrutura, o apoio, a camaradagem de uma verdadeira comunidade, que foi a do pessoal da igreja do Waltinho.














Gustavo e Ana Laura foram um show à parte nos sorteios de brindes.











Como show, foi muito bom, mas não foi nada de excepcional, vou ser justo. É provavel que a platéia não tenha se divertido tanto quanto os músicos que ali tocaram. Mas arrisco dizer que foi muito agradável, porque foi performado de coração, com alegria. Quando eu receber a edição das filmagens, colocarei alguns vídeos no youtube. E quem não pode ir, poderá tirar suas conclusões.
Esse evento foi um marco. Dia 13/12/2008 representa, pra mim, o debut como compositor conhecido. Desculpem, não é petulância: mas reconheço, eu mesmo hoje, que sou um compositor de mpb crente. Gosto de fazer música, e gosto de ouvir tais músicas na voz de outras pessoas - creio que essa é a minha missão nesse mundo.
Uma vez pedi (foi em 2006, depois de um Som do Céu): "ainda hoje prometo, faço da música um intento: que seja verdade, que eu seja um dos Seus". Entre tantos "nãos" recebidos do Pai, esse foi um "sim" que Ele, Deus de toda graça, me deu tão rápido que ainda parece um sonho.







Pense num azedo feliz...! :)
Ah! a melhor apresentação da noite, diga-se de passagem, nem foi uma música minha! O Stenio subiu no palco e começou com "Clube da Esquina 2". Rapidamente, estavam todos totalmente envolvidos na música... isso sim é show!